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"As paisagens
e olhares do lugar,

as palavras..."

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"As paisagens e olhares do lugar,

as palavras..."

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01 de julho de 2024

 

Ariana Abreu (Diretora Pedagógica)

Juliana Valentim (Professor Docente 1 de Língua Portuguesa)

Yasmin Viana (Professor Docente 1 de Geografia)

Rejane Baptista (Diretora Geral)

 

No mês de junho, seguindo a proposta do Projeto Anual “Narrativas do Território de Inoã”. Apresentamos dois relatos das professoras de geografia e língua portuguesa, ambas de turmas de 6º anos de escolaridade.

Elas desenvolveram textos de práticas onde usaram diferentes formas de narrativas. A primeira, com imagens por meio de diferentes paisagens, diversos olhares e ângulos. A segunda, através das palavras e seus sentidos, através das lendas conhecidas pelo imaginário popular dos moradores de Inoã, e que são transmitidas de geração em geração pela tradição oral.

Este texto conta um pouco sobre alguns percursos pedagógicos utilizados pelas turmas do Programa de Aceleração de Estudos (PAE), que têm como objetivo proporcionar aos alunos que apresentam distorção idade/ano de escolaridade e demonstram dificuldades de aprendizagem com as metodologias do ensino regular, novas possibilidades de aprendizagem. Nesta visão, o Programa busca utilizar estratégias metodológicas diferenciadas para trabalhar os conteúdos de uma outra forma, levando em consideração a história de vida e análise global dos sujeitos nele inseridos.

Traremos duas experiências destas narrativas que estão sendo escritas, a partir de trabalho de campo por Inoã. A primeira é uma proposta de escrita de um jornal e a segunda, se refere a vivência nos espaços e a transformação destes achados, utilizando atividades de letramento e alfabetização.

Neste ano letivo, foram formadas duas turmas de aceleração, sendo estas: a PAE 21 com 23 alunos, que ainda não consolidaram o processo de alfabetização e a PAE 22 com 18 alunos, que começaram o processo de leitura, mas ainda precisam desenvolver competências e habilidades básicas para o uso social da escrita, e além da ampliação dos saberes de todas as disciplinas.

 

Yasmin Viana

Professor Docente 1 - Geografia

Este texto conta um pouco sobre alguns percursos pedagógicos utilizados pelas turmas do Programa de Aceleração de Estudos (PAE), que têm como objetivo proporcionar aos alunos que apresentam distorção idade/ano de escolaridade e demonstram dificuldades de aprendizagem com as metodologias do ensino regular, novas possibilidades de aprendizagem. Nesta visão, o Programa busca utilizar estratégias metodológicas diferenciadas para trabalhar os conteúdos de uma outra forma, levando em consideração a história de vida e análise global dos sujeitos nele inseridos.

Traremos duas experiências destas narrativas que estão sendo escritas, a partir de trabalho de campo por Inoã. A primeira é uma proposta de escrita de um jornal e a segunda, se refere a vivência nos espaços e a transformação destes achados, utilizando atividades de letramento e alfabetização.

Neste ano letivo, foram formadas duas turmas de aceleração, sendo estas: a PAE 21 com 23 alunos, que ainda não consolidaram o processo de alfabetização e a PAE 22 com 18 alunos, que começaram o processo de leitura, mas ainda precisam desenvolver competências e habilidades básicas para o uso social da escrita, e além da ampliação dos saberes de todas as disciplinas.

 

Para explorar e compreender melhor seu território, a escola desenvolveu um projeto inovador no primeiro bimestre, em colaboração com a disciplina de geografia para turmas de sexto e sétimo anos, intitulado "Fotografando Paisagens cotidianas de Inoã". Este projeto buscou envolver os alunos na reflexão sobre seus espaços diários através do conceito geográfico de paisagem, incentivando a análise e a percepção crítica.

Este texto conta um pouco sobre alguns percursos pedagógicos utilizados pelas turmas do Programa de Aceleração de Estudos (PAE), que têm como objetivo proporcionar aos alunos que apresentam distorção idade/ano de escolaridade e demonstram dificuldades de aprendizagem com as metodologias do ensino regular, novas possibilidades de aprendizagem. Nesta visão, o Programa busca utilizar estratégias metodológicas diferenciadas para trabalhar os conteúdos de uma outra forma, levando em consideração a história de vida e análise global dos sujeitos nele inseridos.

Traremos duas experiências destas narrativas que estão sendo escritas, a partir de trabalho de campo por Inoã. A primeira é uma proposta de escrita de um jornal e a segunda, se refere a vivência nos espaços e a transformação destes achados, utilizando atividades de letramento e alfabetização.

Neste ano letivo, foram formadas duas turmas de aceleração, sendo estas: a PAE 21 com 23 alunos, que ainda não consolidaram o processo de alfabetização e a PAE 22 com 18 alunos, que começaram o processo de leitura, mas ainda precisam desenvolver competências e habilidades básicas para o uso social da escrita, e além da ampliação dos saberes de todas as disciplinas.

No mês de junho, seguindo a proposta do Projeto Anual “Narrativas do Território de Inoã”. Apresentamos dois relatos das professoras de geografia e língua portuguesa, ambas de turmas de 6º anos de escolaridade.

Elas desenvolveram textos de práticas onde usaram diferentes formas de narrativas. A primeira, com imagens por meio de diferentes paisagens, diversos olhares e ângulos. A segunda, através das palavras e seus sentidos, através das lendas conhecidas pelo imaginário popular dos moradores de Inoã, e que são transmitidas de geração em geração pela tradição oral.

Inoã como personagem principal

Yasmin Viana

Professor Docente 1 - Geografia

Durante o ano de 2024, a Escola Municipal Professor Darcy Ribeiro tem se dedicado a uma reflexão sobre seu território e a forma como ele é produzido.

 

Desde o primeiro mês do bimestre constrói formações com professores e alunos, além de propor uma nova estrutura e vivência cotidiana com a escola integral, uma demanda da sociedade apontada desde 2022 com o Projeto Político Pedagógico.

Nesse contexto, Inoã emerge como personagem da história contada neste ano letivo.

 

O Bairro, localizado no distrito homônimo, na porção leste de Maricá, no estado do Rio de Janeiro, é mais um agente transformador desse contexto escolar e é pesquisado, pensado e refletido. Sua paisagem, marcada pela imponente Pedra de Inoã e sua posição central no distrito, conecta-se com os municípios vizinhos de Niterói e São Gonçalo, destacando-se como uma das áreas mais populosas de Maricá.

Fotografando paisagens

Para explorar e compreender melhor seu território, a escola desenvolveu um projeto inovador no primeiro bimestre, em colaboração com a disciplina de geografia para turmas de sexto e sétimo anos, intitulado "Fotografando Paisagens cotidianas de Inoã". Este projeto buscou envolver os alunos na reflexão sobre seus espaços diários através do conceito geográfico de paisagem, incentivando a análise e a percepção crítica.

Inoã como personagem principal

O Projeto

Fotografando paisagens

A Segunda Experiência

O Projeto

O método adotado começou em sala de aula, com discussões e explanações de conteúdo, culminando em uma ação prática organizada pela professora e realizada pelos alunos. Cada aluno das turmas (duas do sexto ano e uma do sétimo) foi desafiado a capturar dez fotos representativas de seu cotidiano, com a condição de que não fossem selfies e que cada foto fosse acompanhada de uma breve descrição sobre o local e a percepção do aluno.

As fotos foram posteriormente compartilhadas eletronicamente, impressas e utilizadas pelos próprios alunos na criação colaborativa de cartazes. A decisão de não formar grupos específicos visava transformar o trabalho em um esforço coletivo de toda a turma, o que resultou em uma dinâmica leve e um comprometimento mútuo.

 

O método adotado começou em sala de aula, com discussões e explanações de conteúdo, culminando em uma ação prática organizada pela professora e realizada pelos alunos. Cada aluno das turmas (duas do sexto ano e uma do sétimo) foi desafiado a capturar dez fotos representativas de seu cotidiano, com a condição de que não fossem selfies e que cada foto fosse acompanhada de uma breve descrição sobre o local e a percepção do aluno.

As fotos foram posteriormente compartilhadas eletronicamente, impressas e utilizadas pelos próprios alunos na criação colaborativa de cartazes. A decisão de não formar grupos específicos visava transformar o trabalho em um esforço coletivo de toda a turma, o que resultou em uma dinâmica leve e um comprometimento mútuo.

A Segunda Experiência

Precisamos educar para compreensão. E isso significa não educar “para o futuro”, mas para as demandas do presente, um ensino da interpretação como parte central do currículo que foque na reflexão crítica das representações da escola como geradora de cultura, e não só de aprendizagem de conteúdo.

Começamos refletindo que o lugar da sala não: é só de aula. O diálogo deve ser central antes de qualquer proposta de atividade. Na exposição oral e no diálogo com os estudantes, não devem ser ignoradas suas questões e interações “próprias”, mesmo que não tenham relação direta com o conteúdo curricular. A sala é de produção de conhecimento e de interpretação do mundo, o conteúdo curricular é apenas um meio, e não objetivo final. Algumas questões são fundamentais: Qual objetivo de aprendizagem da sua aula? Qual é seu tema transversal? E eles podem se tornar um grande motivador para construção de aprendizagem, crescimento pessoal e intelectual dos alunos?

E como trabalhar as práticas pedagógicas de modo a propiciar a sala de aula como este espaço multidisciplinar, atrativo, afetivo e de forma a recuperar o prazer pelo estudo/desempenho dos conteúdos acumulados historicamente? Algumas intervenções seriam atividades que possibilitem: viabilizar produções artesanais, coletivas e lúdicas, uma escola geradora de cultura, e não só de aprendizagem de conteúdos, aproveitar o interesse das crianças e adolescentes (conjunto de valores, crenças e significações que dão sentido ao mundo em que vivem), estimular experimentações, formas, texturas, sons, participação ativa e coletiva, jogos, artes e demonstrações que utilizem o corpo como suporte (corpo como um todo, sem separação mente e corpo) em diversas performances.

O lugar fora da sala escolhido para ser retratado aqui foi o trabalho de campo feito nos arredores da escola para que os alunos conhecessem um pouco mais da realidade de Inoã.  Foi utilizada uma pesquisa etnográfica, a partir dos debates gerados nas aulas, em entrevistas dentro e fora da escola. Isso permitiu que os alunos refletissem e reconhecessem diferentes pontos de vista acerca do tema.

Foi seguida a ordem abaixo:

Passo 1 - saída à campo pela comunidade do entorno para pesquisá-la. Conhecer o universo vocabular das pessoas entrevistando-as. Gravar as palavras que aparecem mais. Anotar os temas geradores: Quais são as questões, o que mais está preocupando e ocupando a mente das pessoas na comunidade? Sair pela comunidade e gravar as palavras que aparecem mais: O que é importante para você? O que está te preocupando atualmente?

Passo 2 - Tirar fotos e filmar a paisagem do lugar da comunidade escolar e do seu entorno: natureza, prédio, comércios, etc. Investigar também a paisagem oculta.

Passo 3 - Investigar os nomes das ruas do território, dos lugares próximos e da própria escola.

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Os cartazes produzidos foram uma fonte de grande orgulho para os alunos, transformando-os em agentes ativos na construção e na interpretação de seu espaço. O conceito de paisagem vem de uma construção da percepção da complexidade de seus compartimentos e incorporar o projeto na escola foi essencial para engajar e construir o conhecimento a partir da experiência direta e a realização de um produto tangível.

Sua exposição ocorreu no aniversário da escola, dia em que se deram diversas atividades artísticas e culturais, com shows de bandas dos alunos e professores, apresentação de danças e libras, exposição de poemas e vídeos produzidos pelos alunos no Projeto do integral. Foi um dia para celebrar a escola da melhor forma: colocando o aluno como protagonista.

Para encerrar por hora esta narrativa, trazemos um texto da Professora de Geografia Yasmin, publicado em suas redes sociais que expressa a afetividade pela escola, o orgulho de ser pertencente de nossa comunidade escolar, a diversidade que o Darcy representa no território de Inoã e a potencialidade de nossos alunos.

Juliana Valentim

Professor Docente 1 de Língua Portuguesa

 

A palavra constrói. Ela delineia aquilo que imaginamos e movimenta o nosso corpo no sentido do nosso desejo. Dizemos uma palavra e instantaneamente a imagem se desenha na nossa mente. Com a imagem, sabemos o que queremos, com a palavra propagamos o nosso desejo. 

 

Em sua variedade, as palavras podem ser empregadas de diversas formas. Nesse 2º bimestre letivo, motivados pelo conteúdo Variação Linguística proposto pelo Currículo Mínimo de Maricá, as turmas de 6º ano estudaram, em Português, não apenas a classificação e funções das palavras, mas também a historicidade que as acompanha. 

 

Uma palavra quando usada muitas vezes guarda em si o registro de seu significado abstrato, mas também toda a história de seus usos, ganhando assim significados diversos. Para cada pessoa, uma palavra pode ter uma história única. Se quisermos, podemos fazer de uma palavra propriedade só nossa, contanto que saibamos que talvez, em outro lugar, seu significado seja outro.

 

Em sala de aula, para iniciarmos essa conversa tão trivial, mas ao mesmo tempo tão complexa, porque cheia de detalhes, buscamos de início entender o conceito de "erro de português" e principalmente a concepção equivocada de que aquela linguagem que não compreendemos é errada ou inferior à nossa. 

 

Nós, os falantes de uma Língua, nos apropriamos de palavras quando queremos, mesmo que elas não estejam devidamente registradas no dicionário. As palavras variam de acordo com o nosso uso, desejos e necessidades. "Resistro", por exemplo, pode não existir no dicionário, mas diferenciar a engrenagem que fecha o fluxo de água no banheiro e a documentação individual de uma pessoa parece, para uma parcela da população, interesse fundamental. Como já dito, as palavras constroem.

 

Para além das divergências ortográficas, a regionalidade das palavras também foi mencionada durante as aulas. Instigados pelo cordel "A mula sem cabeça", discutimos as palavras que seriam regionalismos, ou seja, palavras tão próprias a uma região do país que, de certa maneira, elas ajudam a delimitar um território. Aqui se fala "arretado"? E "Avexado"? Essas palavras podem ser consideradas inadequadas para o linguajar de um morador do estado do Rio de Janeiro porque pertencem a um outro lugar. O regionalismo convida a refletir que não somos únicos proprietários da Língua Portuguesa, e por isso, não os únicos usuários com potencial de criação.

 

Nessa medida, as palavras formam territórios nos quais delimitamos os nossos conceitos, não só, mas também, sobre o certo e o errado. Através da leitura do cordel pudemos pensar novamente sobre as crenças que carregamos: afinal, a moça que virava mula sem cabeça era a mocinha ou a vilã da história? Seria para nós errado atravessar costumes e regras em prol do amor, ou devemos sempre nos limitar às fronteiras da norma?

 

Durante a aula, várias vezes testamos os nossos limites através da linguagem, inclusive questionando sobre os possíveis mitos de Maricá: quais são os mitos, lendas, crenças e regionalismos que podemos reunir na nossa região e como eles nos ajudam a formar quem somos?

 

Nossos próximos passos serão, portanto, a investigação desses mitos que rondam Maricá, com o objetivo de registrar e, de certa forma, ocupar o território através da palavra, porque, em síntese, são as palavras que nos colocam em movimento, mesmo quando não aparentamos nos mexer, e são elas que, em certa medida, são o artifício que usamos para definir os limites de quem somos. Elas nos cercam, definindo e delimitando, mas, ao mesmo tempo nos libertam de ser tudo o mais. As palavras nos constroem.

 

As atividades já foram iniciadas, e ainda continuarão a serem trabalhadas ao decorrer do ano letivo. Cumpre ressaltar que as professoras contextualizaram os conteúdos mínimos da rede, tornando-os mais objetos e concretos para que fossem desenvolvidas as aprendizagens significativas para os alunos.

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Eixo IV – Sociedade, Cultura  e Tecnologia

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As práticas ativas de ensino nos eixos da educação integral oferecem aos alunos uma gama de oportunidades de aprendizagem. Os alunos são preparados para os desafios futuros quando desenvolvem habilidades como pensamentos críticos, resolução de problemas, colaboração e comunicação.

 

A Escola Municipal Professor Darcy Ribeiro ao adotar o programa de educação em tempo integral desempenha um papel fundamental no desenvolvimento dos alunos, proporcionando uma abordagem educacional abrangente que visa não apenas o sucesso acadêmico, mas também o desenvolvimento pessoal e socioemocional. Ao promover um ambiente de aprendizagem estimulante e envolvente, a educação integral prepara os alunos para enfrentar os desafios do mundo moderno.

 

Na oficina de tecnologia também são desenvolvidos podcasts escolares, onde alunos e convidados produzem conteúdos e são desafiados a criarem roteiros e narrarem as histórias de forma semanal. O objetivo é que além de produção de tecnologia, que os alunos trabalhem a funcionalidade do texto e imagem como forma de comunicação com a comunidade escolar e com o mundo.

Este processo estruturado não apenas trouxe leveza ao trabalho, mas também facilitou interações significativas entre os alunos durante a escolha de posicionamento de suas fotos com discussões sobre as diferentes perspectivas e lógicas de agrupamento das paisagens. Além disso, os alunos também fizeram uma votação para eleger a melhor foto, sendo a ganhadora uma foto tirada de dentro dos prédios do Minha Casa Minha Vida de Inoã (MCMV).

Essa paisagem do MCMV também gerou interações muito interessantes, visto que muitos dos alunos moram lá. Eles notaram como cada um observava o mesmo espaço de uma forma única. A discussão rendeu, inclusive, um mapeamento a partir de desenho no quadro, pois estavam tentando descobrir onde cada um tinha tirado a foto e o que cada um observa no prédio. Eles pediram, então, as canetas e foram desenhar a formatação dos prédios, ordens, os equipamentos do local, um de cada vez, se auto-organizando para conseguirem compreender as próprias fotos e olhares.

 

Este processo estruturado não apenas trouxe leveza ao trabalho, mas também facilitou interações significativas entre os alunos durante a escolha de posicionamento de suas fotos com discussões sobre as diferentes perspectivas e lógicas de agrupamento das paisagens. Além disso, os alunos também fizeram uma votação para eleger a melhor foto, sendo a ganhadora uma foto tirada de dentro dos prédios do Minha Casa Minha Vida de Inoã (MCMV).

 

Essa paisagem do MCMV também gerou interações muito interessantes, visto que muitos dos alunos moram lá. Eles notaram como cada um observava o mesmo espaço de uma forma única. A discussão rendeu, inclusive, um mapeamento a partir de desenho no quadro, pois estavam tentando descobrir onde cada um tinha tirado a foto e o que cada um observa no prédio. Eles pediram, então, as canetas e foram desenhar a formatação dos prédios, ordens, os equipamentos do local, um de cada vez, se auto-organizando para conseguirem compreender as próprias fotos e olhares.

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E foi bonito de ver. Foi uma celebração à potência da educação, demonstrando como a escola é um espaço tempo de produção de experiências múltiplas, formativas e complexas, onde eles produzem a si e ao espaço.

Com isso, o “Fotografando Paisagens cotidianas de Inoã” foi um projeto de grande impacto evidenciando as complexidades territoriais do bairro e promovendo uma interação genuína entre os alunos com suas reflexões muito próprias. Também importante a clareza da intencionalidade pedagógica para a mediação do projeto e de colocar o aluno como protagonista. Por fim, o projeto vem também como uma forma de repensar a função da escola, compreendendo-a como ambiente dinâmico de experiências formativas e de reflexão.

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Durante o ano de 2024, a Escola Municipal Professor Darcy Ribeiro tem se dedicado a uma reflexão sobre seu território e a forma como ele é produzido.

 

Desde o primeiro mês do bimestre constrói formações com professores e alunos, além de propor uma nova estrutura e vivência cotidiana com a escola integral, uma demanda da sociedade apontada desde 2022 com o Projeto Político Pedagógico.

Nesse contexto, Inoã emerge como personagem da história contada neste ano letivo.

 

O Bairro, localizado no distrito homônimo, na porção leste de Maricá, no estado do Rio de Janeiro, é mais um agente transformador desse contexto escolar e é pesquisado, pensado e refletido. Sua paisagem, marcada pela imponente Pedra de Inoã e sua posição central no distrito, conecta-se com os municípios vizinhos de Niterói e São Gonçalo, destacando-se como uma das áreas mais populosas de Maricá.

Este texto conta um pouco sobre alguns percursos pedagógicos utilizados pelas turmas do Programa de Aceleração de Estudos (PAE), que têm como objetivo proporcionar aos alunos que apresentam distorção idade/ano de escolaridade e demonstram dificuldades de aprendizagem com as metodologias do ensino regular, novas possibilidades de aprendizagem. Nesta visão, o Programa busca utilizar estratégias metodológicas diferenciadas para trabalhar os conteúdos de uma outra forma, levando em consideração a história de vida e análise global dos sujeitos nele inseridos.

Traremos duas experiências destas narrativas que estão sendo escritas, a partir de trabalho de campo por Inoã. A primeira é uma proposta de escrita de um jornal e a segunda, se refere a vivência nos espaços e a transformação destes achados, utilizando atividades de letramento e alfabetização.

Neste ano letivo, foram formadas duas turmas de aceleração, sendo estas: a PAE 21 com 23 alunos, que ainda não consolidaram o processo de alfabetização e a PAE 22 com 18 alunos, que começaram o processo de leitura, mas ainda precisam desenvolver competências e habilidades básicas para o uso social da escrita, e além da ampliação dos saberes de todas as disciplinas.

Juliana Valentim

Professor Docente 1 de Língua Portuguesa

A palavra constrói. Ela delineia aquilo que imaginamos e movimenta o nosso corpo no sentido do nosso desejo. Dizemos uma palavra e instantaneamente a imagem se desenha na nossa mente. Com a imagem, sabemos o que queremos, com a palavra propagamos o nosso desejo. 

 

Em sua variedade, as palavras podem ser empregadas de diversas formas. Nesse 2º bimestre letivo, motivados pelo conteúdo Variação Linguística proposto pelo Currículo Mínimo de Maricá, as turmas de 6º ano estudaram, em Português, não apenas a classificação e funções das palavras, mas também a historicidade que as acompanha. 

 

Uma palavra quando usada muitas vezes guarda em si o registro de seu significado abstrato, mas também toda a história de seus usos, ganhando assim significados diversos. Para cada pessoa, uma palavra pode ter uma história única. Se quisermos, podemos fazer de uma palavra propriedade só nossa, contanto que saibamos que talvez, em outro lugar, seu significado seja outro.

 

Em sala de aula, para iniciarmos essa conversa tão trivial, mas ao mesmo tempo tão complexa, porque cheia de detalhes, buscamos de início entender o conceito de "erro de português" e principalmente a concepção equivocada de que aquela linguagem que não compreendemos é errada ou inferior à nossa. 

 

Nós, os falantes de uma Língua, nos apropriamos de palavras quando queremos, mesmo que elas não estejam devidamente registradas no dicionário. As palavras variam de acordo com o nosso uso, desejos e necessidades. "Resistro", por exemplo, pode não existir no dicionário, mas diferenciar a engrenagem que fecha o fluxo de água no banheiro e a documentação individual de uma pessoa parece, para uma parcela da população, interesse fundamental. Como já dito, as palavras constroem.

 

Para além das divergências ortográficas, a regionalidade das palavras também foi mencionada durante as aulas. Instigados pelo cordel "A mula sem cabeça", discutimos as palavras que seriam regionalismos, ou seja, palavras tão próprias a uma região do país que, de certa maneira, elas ajudam a delimitar um território. Aqui se fala "arretado"? E "Avexado"? Essas palavras podem ser consideradas inadequadas para o linguajar de um morador do estado do Rio de Janeiro porque pertencem a um outro lugar. O regionalismo convida a refletir que não somos únicos proprietários da Língua Portuguesa, e por isso, não os únicos usuários com potencial de criação.

 

Nessa medida, as palavras formam territórios nos quais delimitamos os nossos conceitos, não só, mas também, sobre o certo e o errado. Através da leitura do cordel pudemos pensar novamente sobre as crenças que carregamos: afinal, a moça que virava mula sem cabeça era a mocinha ou a vilã da história? Seria para nós errado atravessar costumes e regras em prol do amor, ou devemos sempre nos limitar às fronteiras da norma?

 

Durante a aula, várias vezes testamos os nossos limites através da linguagem, inclusive questionando sobre os possíveis mitos de Maricá: quais são os mitos, lendas, crenças e regionalismos que podemos reunir na nossa região e como eles nos ajudam a formar quem somos?

 

Nossos próximos passos serão, portanto, a investigação desses mitos que rondam Maricá, com o objetivo de registrar e, de certa forma, ocupar o território através da palavra, porque, em síntese, são as palavras que nos colocam em movimento, mesmo quando não aparentamos nos mexer, e são elas que, em certa medida, são o artifício que usamos para definir os limites de quem somos. Elas nos cercam, definindo e delimitando, mas, ao mesmo tempo nos libertam de ser tudo o mais. As palavras nos constroem.

 

As atividades já foram iniciadas, e ainda continuarão a serem trabalhadas ao decorrer do ano letivo. Cumpre ressaltar que as professoras contextualizaram os conteúdos mínimos da rede, tornando-os mais objetos e concretos para que fossem desenvolvidas as aprendizagens significativas para os alunos.

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